sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Números e apontamentos...


Numa aventura destas impõe-se o registo de alguns números e curiosidades que além de fazerem parte de uma viagem épica para nós participantes,  podem, e devem, ajudar os potenciais viajantes a irem com um pouco mais de preparação para tal jornada.


Durante a viagem fui tomando nota de alguns dados, alguns valores e aspectos que achei importantes partilhar.

O livro de todos os registos
O registo seguinte é solto e sem nenhuma ordem específica, tendo sido feito conforme me fui lembrando das coisas que achei dignas de registo (dignas para mim claro).

Total de kms percorridos: 5109kms (de notar que este “valor” tem o desfasamento de cerca de 10% que verifiquei em relação á velocidade do conta-kms contra o GPS... por exemplo, quando rolávamos a alta velocidade marcando cerca de 95kms/h no conta-kms, o GPS marcava velocidade real de 85/86kms/h... enfim, nada que nos desanime e que nos tire valor... e se tirar, tira apenas 10% hahahah...);

Distâncias diárias:
1º dia – Lisboa / Guarda = 340kms (saída de Lisboa por volta das 15h)
2º dia – Guarda / Santander = 566kms (chegada ao ferry por volta das 19h)
3º dia – Plymouth / Yeovil = 162kms (saída do ferry por volta das 17.30h / temporal á nossa espera)
4º dia – Yeovil / Londres / Grantham = 486kms
5º dia – Grantham / Perth = 589kms (500 deles á chuva)
6º dia – Perth / John O’Grots / Tore (Inverness) = 630kms
7º dia – Tore / Lancaster = 611kms (o dia perfeito de viagem)
8º dia – Lancaster / Portsmouth / Brighton / Chichester = 712kms
9º dia – Chichester / Portsmouth = 46kms (tantos???... foi só até ao ferry... agora era hora de descansar 24h)
10º dia – Santander / Salamanca / Guarda =  570kms
11ª dia – Guarda / Benedita / Lisboa = 397kms

Valores das dormidas:
Existe uma cadeia de “hotéis” de beira de estrada (literalmente, pois estão nas áreas das bombas de gasolina) chamada Travelodge que além de existirem por todo o Reino Unido, têm uns valores aceitáveis... chegámos a dormir os 3 num quarto por 24 libras. Os valores apresentados é para o trio, por vezes num quarto, outras em dois quartos.

O aspecto geral dos Travelodge (o pictograma anexo é mera coincidência)

1ª noite – Guarda / Pensão Aliança = 50€ (2 quartos + pequeno almoço incluído);
2ª noite – Ferry;
3ª noite – Yeovil / Travelodge = 60 libras (1 quarto);
4ª noite – Grantham / Premier Inn = 145 libras (2 quartos... chegámos muito tarde e não havia alternativas... molhados até aos ossos tivemos mesmo de “largar as jantes”);
5ª noite – Perth / Lovat = 94 libras (2 quartos + pequeno almoço incluído... o resturante é espectacular e foi o melhor jantar fora de Portugal... terá sido o único?...);
6ª noite – Tore / Guesthouse = 48 libras (1 quarto)
7ª noite – Lancaster / Travelodge = 26,80 libras (1 quarto)
8ª noite – Chichester / Travelodge = 66,00 libras (1 quarto);
9ª noite – Ferry;
10ª noite – Guarda / Pensão Aliança... um encore

Valor médio de dormida por noite para os 3 = 82,75€... é o que é.


Apontamentos vários:

-      As estradas de todo o Reino Unido são gratuitas... existem muito poucas a pagar e as alternativas são vias rápidas;
-      O alcatrão é muito bom e mesmo com chuva o piso inspira confiança;
-      As estradas (ou partes de estrada) assinaladas com “M” são auto-estradas (não pagas), as estradas assinaladas com “A” são estradas “multifacetadas”, ou seja tanto vais numa via rápida de 2 ou 3 faixas, como aparece uma rotunda ou um semáforo, atravessa povoações e excertos de estrada no meio da vegetação ao estilo do Shire;


A minha menina a olhar para a estrada... estava doida.

-      Paragens para abastecimento (aproximadas) das Vespas em todo o percurso = 43x;
-      Baixas / contratempos da viagem... apenas a minha PX: 1 lâmpada de presença atrás + 1 câmara de ar pneu traseiro + 1 vela por descargo de consciência numa altura em que ela estava a “engasgar” um pouco;
-      O GPS foi um bem essencial e abençoado nesta viagem... seria impossível fazê-la sem GPS... parar passo a passo á chuva para abrir mapas de facto tinha atrasado muito a coisa... Brighton foi o exemplo, quando fomos o GPS tinha “morrido” e estivemos mãos de meia hora para sair do lado certo da cidade para entrar na estrada certa... GPS á presidência;


O sempre necessário GPS.

-      O respeito e o civismo imperam nas estradas do RU... o pessoal é impecável e facilita em tudo... em 5000kms de viagem o único episódio foi um animal de um camião que na A1 quis mandar o Penas para a berma... enfim, mentalidades;
-      O espírito motociclista está presente o dia todo nas estradas... todo o pessoal se cumprimenta, independentemente do tipo de motas (e as nossas não serão as mais impressionantes). Mesmo no ferry, a cavaqueira entre os motociclistas foi impecável;
-      A estrada eleita como perfeita... Invernes a Glasgow foi o percurso... são mais de 200kms entre lagos (Loch Ness por exemplo), vales e serras de cortar a respiração... é muito boa mesmo e quem vá para aqueles lados não faça o percurso mais directo pela autoestrada, vá de Inverness a Fort William, depois Crianlarich e então Glasgow... não se vão arrepender;


Vista parcial dos múltiplos vales a chegar a Glasgow.

Loch Ness... que estrada meus caros.

-      Tal como falei quando me referi ás dormidas, a cadeia Travelodge é porreira, sem luxos, mas barata... e dá para marcar pela net o que facilita quando se viaja e todas as horas contam;
-      Média de dormidas no Reino Unido = 73,30 libras;
-      A travessia de ferry revelou-se a melhor opção de facto. É muito louco o ferry e como tudo se passa... para mim era tudo novidade. A quantidade de motas que leva e o conforto geral da coisa impressionou-me. O quarto é pequeno mas completo e serve perfeitamente bem como a casa de banho. A única coisa a ter em conta é que no ferry tudo é caro, por isso levar alguma bucha para ir compondo não é má ideia... os piqueniques podem ser feitos no quarto ou nas áreas comuns que ninguém stressa com isso;
-      Valor do ferry = 386,00€ (viagem de ida e volta por pessoa + mota ). Ver site em http://www.brittany-ferries.co.uk/ ;
-      O factor comida neste tipo de viagem é sempre relativo... no RU não comemos grande coisa, tanto pela falte de tempo como pelos valores... fica para recordar o espectacular jantar no Lovat Hotel (Perth) e os 2 jantares memoráveis na Guarda, na Churrasqueira Típica;
-      A melhor dormida fica atribuída também ao Lovat, pela relação preço / qualidade / serviço... bons quartos, wifi gratuita, bom pequeno almoço e o restaurante onde jantámos, muito bom também;


Os gastos de uma viagem destas: o resumo de gastos da coisa... a previsão de gastos apontava para os 1100/1200€ (mínimo) o que não se verificou totalmente... durante cerca de 1 ano, a juntar 50€ mensais no envelope à guarda da Fatinha, juntei um total de 870€, que levei "no bolso"... o ferry ficou em 389€ e ainda tive de carregar no cartão de crédito 130€ de algumas marcações e pagamentos online de estadias... no fundo foram 1389,00€ com todos os gastos incluidos... fugiu um bocado ao desejado?... sim, mas como valeu a pena.


Muitos outras impressões ficam por escrever mas isto é como um filme, se contar tudo não vai ter a mesma piada quando lá forem... e espero bem que vão, por vocês... alguma coisa mais que precisem é só apitar e no que puder dou mais informações. Com estas informações, uma motora e vontade de rolar... é só agarrar e ir.

A chegada ao final da aventura... 3 bravos e suas heroínas.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

De Lisboa á Escócia... de Vespa (e regresso).

A minha PX 200... máquina espectacular.

Muitos se irão perguntar o que leva alguém a fazer uma jornada destas até ao topo do Reino Unido, de Vespa, e num período de tempo tão curto... eu não sei responder, pelo menos de forma clara para todos, mas de uma forma muito directa respondo... porque sim!...

Se é uma forma de testarmos as máquinas, testarmos as nossas capacidades, juntar os amigos em torno de um objectivo e gosto comum ou simplesmente podermo-nos vangloriar de tal façanha... é tudo junto.

Compreendo que seja difícil perceber o gosto e prazer que se pode ter 10/12 horas seguidas em cima de uma sela (obrigado Ricardo pelo empréstimo) praticamente sem comer nada durante o dia e abastecer de 120 em 120 kms para fazer entre 500 e 700 kms todos os dias para conseguir o feito de 3236 kms em 6 dias a rolar no Reino Unido... só quem faz é que sente isso... podia falar de forma poética de uma ligação homem máquina, da simbiose natural do vespista e a sua montada, do ultrapassar dos limites do imaginável, mas não, trata-se apenas de gostar mesmo de andar de vespa e querer ir aqui ou ali, não tem nada de idílico, é apenas agarrar e ir!

Mas uma coisa garanto e sai uma vez mais comprovado desta viagem, vale mesmo muito a pena... pela experiência, pelas paisagens, pelas pessoas, pelos cheiros, pelas comidas e costumes variados... enfim, por tudo o que se vive nestes dias.

Esta viagem tinha como pretexto e início de planeamento o Vespa World Days em Londres mas depressa se alastrou a mais uns quantos destinos... Stonehenge, Ace Café de Londres e o VWD (como não podia deixar de ser) isto falando de Inglaterra... mas já que íamos subir até norte de Espanha, apanhar um ferry de quase 24 horas até ao sul de Inglaterra porque não subir ao norte mesmo e ir até Edinburgo e Glasgow... já agora, que tal subir um pouco mais e conhecer Loch  Ness e quem sabe ir até John O'Groats???... a fasquia era alta mas a vontade de ir também.

Depois de alguns meetings com o grupo que eventualmente faria parte da "expedição" sobraram 3 elementos, eu, o Penas e o Adolfo que fez a coisa com a sua Africa Twin... a passo de vespa claro.







O arranque foi a partir da XCUT, logo depois de almoço do dia 12, rumo a Santander, com paragem prevista na Guarda, o que se verificou... e muito bem. 

Bela jantarada... isto estava a começar bem.

Arranjámos uma residencial porreira por 50 para os 3 com pequeno almoço incluído... e melhor ainda, fomos jantar a um restaurante de grelhados daqueles.... boa carne, bom vinho e bom atendimento... como diz o outro, é tudo bom!








Segundo dia e foi enrolar punho (literalmente) até Santander... por alguma razão a minha PX não estava a responder bem e algo se passava... vela trocada, gigleurs soprados e carburador soprado, a coisa manteve-se por mais uns depósitos... mais ao final da tarde a coisa melhorou... foi só para criar alguma tensão e suspense. 


Final da tarde, 19h, Santander e ferry com eles... foi tudo novidade, a quantidade de motas que entraram, a quantidade de carros, o quarto e o ferry, tudo muito louco, gostei mesmo... e melhor ainda, amanhã estamos em Inglaterra.








Chegada a Inglaterra por volta das 16h e meus caros, chovia como na rua... que recepção... fatos de chuva, polainas e tudo o mais que conseguíssemos para o dilúvio que nos esperava... para facilitar ainda mais um pouco, os tipos conduzem do lado errado da estrada e habituar-me a isso com uma chuvada daquelas e sair da cidade rumo a Londres foi tarefa que exigiu concentração... mas deu logo ideia de que a coisa não ia ser um passeio no parque. 

O estendal montado...
Fizemos cerca de 160kms debaixo de uma chuvada medonha e tivemos mesmo de arranjar dormida... com indicação num bomba de gasolina descobrimos uma cadeia de "hoteis" de beira de estrada que nos foi muito útil durante a viagem, os Travelodge, com preços muito porreiros (para a realidade no Reino Unido). 


Ficámos em Yeovil, a 250kms de Londres (a ideia inicial seria ficar a 100... amanhã se vê). Montámos o estendal num quarto para os três digno de um filme... quem anda de mota imagina como estava o "quarto".







Stonehenge vista por cima da rede...




Segundo dia em Inglaterra e era hora de rumar a Londres, ao Ace Café e ao VWD... a chuva ia dando umas tréguas mas não estava fácil... passámos por Stonehenge, e sinceramente, ao vivo a coisa perde muito mesmo... meia dúzia de calhaus ao monte numa colina não mereciam 8 libras para fotografar o que deu para fotografar por cima da rede... estou a brincar, mas de facto fiquei um pouco desiludido.


Arrancámos para Londres, para ir comer uma bucha ao Ace... foi um filme para lá chegar porque o trânsito é insuportável, mas lá chegámos... estavam lá uns vespistas alemães com as vespas todas ratadas e personalizadas... muito bom mesmo. 






As fotos e os autocolantes da praxe e lá fomos para mais 1 hora de trânsito até ao VWD, porque além do trânsito caótico, Londres é mesmo grande.
Chegados ao recinto, encontrámos o amigo Serra e mais um amigo do Penas da Benedita... esse pessoal anda espalhado por todo o lado... depois de saber que tinha de comprar um bilhete de 1 dia para entrar na tenda para ver meia dúzia de bancas fraquinhas, segundo o Serra, e no fundo para comprar um autocolante do evento, ficou o Serra com essa incumbência.






Mais uma vez, as fotos do costume a vespas e mais vespas de todas as cores e feitios, uns melhores que outros, e toca a arrancar para norte que já se faz tarde... eram 17h e a ideia era arrancar por volta das 14/15h... vamos ver.
Ainda conseguimos fazer quase 250kms mas isso custou-nos a noite mais cara da viagem, umas módicas 145 libras... incha pacheco... deixa estar que um dia não são dias.


Hora de olhar para o mapa... será que vai dar?...

Era altura de fazer um ponto da situação e tentar perceber se havia condições para subir até John ou não porque o tempo era escasso, os kms muitos e a chuva não dava tréguas... decidimos que se conseguíssemos fazer 700kms no dia seguinte dava na boa para isso e regressar de forma tranquila para sul, mas seria um dia a doer...






E foi, doeu mesmo, só conseguimos 590kms, sendo 500 deles debaixo de chuva, e da molhada... bem molhada... raio de países onde só chove.

Mais um objectivo alcançado... Escócia.

Mais um de muitos abastecimentos... um pouco molhados mas satisfeitos.

Conseguimos ir dormir a Perth, uma cidade pequena do interior muito fixe e onde não foi fácil arranjar hotel, mas quando arranjámos, tivemos sorte e tinha restaurante... já não tínhamos uma refeição sentados e de prato desde a Guarda... e valeu bem a pena, belo jantar. Bela carne e belas cervejas escocesas... foi tão bom que o facto de não chegarmos a Inverness como seria ideal não nos demoveu da ida ao topo do (nosso) mundo... decidimos tentar reservar dormidas, agora que os objectivos eram mais claros e isso facilitava em muito os finais de dia porque nos permitia chegar mais tarde ao hotel e saber exactamente onde ir ter, sem perder tempo a procurar... e em termos de preço a coisa também melhorava.






Mais um dia de jornada e desta feita rumo ao objectivo principal, John O'Groats... isso significava mais de 600kms de serra, com a viagem até ao topo e descida até Tore (Inverness) para dormir numa guest house com um preço simpático.

Assim foi, arrancámos cedinho para esta missiva e ás 16h estávamos a tirar fotografias em John... missão cumprida.
John O'Groats... ponto alto da nossa viagem.

Não sem eu ter ficado sem gota e roubado 1lt á AT do Adolfo... coisas de serra e da bêbeda da PX.

"Caracas, deixa-me sacar 1 lt da cisterna que vem connosco senão não chego lá acima."
Sorte das sortes, ou alguma cunha metida na altura certa (obrigado, Piolha) tivemos alguma chuva a subir mas o tempo completamente seco a chegar a JO e nas 2 horas que lá estivemos... muito bom mesmo.

As 3 meninas no topo da Escócia... máquinas!...
Uma bucha para dar energia para o regresso... antes que chova.

O regresso já foi um pouco mais húmido, para não dizer muito molhado mesmo mas adiante, vínhamos cheios de orgulho em ter chegado ao topo, no tempo previsto e sem contratempos... a chuva e o piso molhado iam-se encarregando de fazer isso, e o pneu que tenho montado atrás que o diga, queria fugir para a berma numa das milhentas rotundas desta zona... nada de mais mas deu para aquecer um pouco apesar do frio e da chuva que faziam.
Encontrar a dormida não foi fácil, mas nada como um escocês meio etilizado á porta de um pub para ajudar... como também ele não sabia, entrou no pub, trouxe o telefone fixo para a rua e ligou directamente para lá... impecável, até conhecíamos o sítio porque tínhamos posto gasolina lá perto... toca a andar e recolher aos aposentos que amanhã há mais... não sem antes trocar a lâmpada traseira de presença da minha PX e o Penas dar um jeito á sela dele... situações resolvidas, vamos fazer o estendal no quarto e toca a descansar.

Era assim todas as noites... onde é que vinha aquilo tudo é que  custa a  perceber.








Este foi o dia perfeito da viagem, sem menosprezar todos o outros, claro... começou com um pequeno almoço tradicional numa bomba de gasolina em Tore de se tirar o chapéu... e segundo a senhora "it's the small breakfast, for kids"... bom, imaginamos o outro.


"It's the small breakfast... for kids."

Com as máquinas abastecidas, o sol a brilhar e decisão de não ir pelo caminho mais directo para Lancaster, ir por Loch Ness e por uma estrada ao longo dos lagos lá fomos nós... e ainda bem!!!...
Foi a estrada mais espectacular, mais bonita, mais louca que eu já fiz, de vespa, de mota ou de carro e até mesmo em pensamentos... foram paisagens de cair o queixo, com umas cores e uma luz únicas de um dia de sol forte e que nos fez passar o melhor dia de viagem a nível geral, paisagens, clima, condução, etc.

Paisagens de cair o queixo... mesmo.

Uma pequena vila onde passámos.

E mais do mesmo... espectacular

Esta estrada então... meus amigos.

Deu para curtir umas curvas como ainda não tinha dado (e fiz o gosto o mais que pude... e consegui), sentir o sol nas costas a aquecer e perceber que todos estes kilómetros tinham um propósito, fazer estes 200kms ao longo de lagos e vales que eu julgava existir apenas em filmes e fotos (devidamente tratados em computador)...mas não, são reais e existem na Escócia... e eu passei por lá, e ainda por cima de Vespa... melhor, quase impossível.
Fechada esta estrada, mais uns quantos kms de motorway (de salientar que as estradas são muito boas e todas elas gratuitas) até Lancaster onde conseguimos dormida, marcada online, por 24,80 libras para os 3... assim, sim... janta no Burguer King, á conversa com um rapaz de Peniche que está em Lancaster há 2 anos e nos confidencia que a coisa por cá já não é o que era... deixa lá que em Portugal também não.







Chegado o dia da última tirada para sul, Lancaster - Portsmouth... mais 550 deles até Chichester com hotel marcado mas com vontade de ainda ir a Brighton dar um giro e conhecer o famoso Brighton Pier... o tempo não era muito, mas nesta viagem quando é que foi?...
Algum atraso na viagem fruto de uma cavilha que insistiu em entrar no meu pneu traseiro (o mesmo que queria fugir o outro dia... foi castigo)... troca de pneu debaixo de uma ponte porque chovia bem, e os camiões passavam a abrir levantando aquela neblina agradável... enfim, ossos do ofício... próxima bomba, além de um pequeno almoço inglês tive de montar nova câmara de ar no menino, porque nunca se sabe, e gastar 50p na máquina de ar, porque meus caros, aqui isso paga-se... se isso se sabe em Portugal estamos no mato.

Assistência rápida até porque chovia á séria.

Cavilhoni, o maldito!...

Fora isso, a chegada foi tranquila, com um pequeno engano no hotel da reserva... mais 30kms para abrir a pestana... por volta das 18h lá arrancamos nós para Brighton, desta vez sem gps, morreu ao chegar ao hotel... 80kms para lá para conhecer o mítico "pier"... e valeu a pena, é de facto um lugar muito especial... uma vez mais o sol acompanhou-nos e fez-nos companhia na particular praia de Brighton (desta vez estavas atenta Piolha)... muito louca a praia e a relação do pessoal com o sol e os finais de tarde... só a areia é que é pouco grossa, tipo 25/30mm os grãos mais pequenos.

O mítico Brighton Pier





O cais parece saído de um filme, numa mistura de old school e kitsch impressionante... tudo o que se passa no cais parece ensaiado de tão fora que é, pelo menos aos nossos olhos porque o pessoal vai lá passear, comer ou simplesmente apanhar sol de forma tão natural como nós vamos ao centro comercial... não percebi se me ia aparecer o Tom Sawer ou uma personagem do Tim Burton de tão impressionado que fiquei com aquela (i)realidade...


Sensacional... estava com umas cores brutais.

Adorei mesmo e fiquei muito contente de não ser mais um Cabo de La Gata nesta viagem de Vespa... já bastou ou outro (quem foi a Valencia percebe).

Mais uma moedinha, mais uma voltinha.

Tirei umas quantas fotografias para a posteridade e para me recordar sempre da sensação que tive, fomos ás compras para o jantar e pequeno almoço sem nunca pensar no filme que foi para sair da cidade e apanhar a direcção certa para o hotel no emaranhado de estradas e autoestradas que eles têm... raio do GPS faz mesmo falta... tivemos de ir e vir para centro 2 vezes para sair bem, mas lá fomos... claro, chegámos ao hotel ás 23h com o dia com mais kms percorridos... 712 deles... hora de comer uma bucha e arrumar os tarecos para a viagem de amanhã, inicialmente de 46kms de estrada até Portsmouth e seguidos de 24 horas de ferry... vamos lá.






Manhã de sol em Chichester... pequeno almoço no quarto para não perder tempo e eis-nos a arrumar tudo nas motas para o último trajecto no Reino Unido, até ao ferry que nos levaria a Santander... arrancamos com as viseiras abertas a saborear este sol algo raro que nos acompanha até Portsmouth e se despede de nós com uma luminosidade e intensidade única nesta viagem... instalados no ferry, com as montadas nos decks inferiores, hora das fotografias da praxe de despedida do porto e desta ilha onde felizmente tudo correu pelo melhor.

O tour do Reino Unido... sem dúvida que estávamos felizes.
O sol veio para a despedida.
Vamos aproveitar que estes vão ser os últimos pequenos almoços light.


Mais uma viagem tranquila onde deu para descansar, escrever muitas destas linhas, conversar sobre esta e outras viagens e até deu para o Penas ir ao cinema... leram bem, cinema... o beniditino do grupo foi ver We bought a Zoo ao cinema do ferry... querem luxo maior?... hahahah.






Cerca de 24 horas depois, chegamos a Santander, que nos acolhe com nuvens carregadas e ameaça de chuva eminente... que se verificou mal saímos da cidade e começámos a subir a montanha... nada a que não estejamos habituados... passada a parte dos Picos da Europa vem o sol, que felizmente nos acompanhou o resto da viagem.

Penas e Adolfo, vistam os fatinhos que temos mais chuva.

Por volta das 17h (Inglaterra e Portugal), 18h em Espanha, acercamo-nos de Salamanca onde tínhamos previsto ficar a noite, mas já que aqui estamos, ''apenas'' a 200kms da Guarda, porque não seguir mais 3 horas a rolar e ir ver o jogo de Portugal á Guarda?... tínhamos á partida o hotel e o restaurante definidos por isso assim foi, mais umas horas de Vespa e chegamos a Portugal... e olhem que até tinha saudades.

Montaditos ou febras?... Febras seguramente!
Por volta das 20h chegamos á Pensão Aliança onde somos recebidos com alegria pelo mesmo senhor que nos tinha recebido semana e meia atrás... motas na garagem, instalados nos quartos, rumamos ao tão esperado restaurante para ver a bola mas acima de tudo para uma comezaina daquelas... assim foi, e tudo em bom, Portugal ganhou e passou á fase seguinte, o jantar estava espectacular e ainda fechei a janta com duas belas fatias de queijo da serra com uma colherada de botelha, vulgo doce de abóbora... isto a acompanhar mais um ou dois copos de tinto da casa... isto é Portugal.
Demos um giro pela zona histórica e fomos beber um Bushmills a um bar na zona, para ajudar á digestão... boa escolha esta de seguir sem parar em Salamanca, sem menosprezar essa bela terra onde, como diz o outro, já fomos muito alegres, até demais hahahaha.





Manhã de sexta feira, 11 dias depois de termos saído de Lisboa, pequeno almoço tomado na pensão, arrumamos os tarecos nas montadas e seguimos viagem, desta vez por estradas do interior, sem A23 a pagar... seguimos para Celorico da Beira por uma estrada espectacular cheia de curvas que fazem a delicia da PX, daí para Coimbra, também por estradas muito boas para aproveitar o sol e alcatrão seco que tinham vindo para ficar.

Bem sabemos que o piso, enfim não é o melhor mas a temperatura... e as curvas...

Corre tudo bem até perto de Coimbra, onde a minha PX numa descida daquelas, no cone de um camião (isso não se faz) decide semi-agarrar, e digo semi porque na altura me pareceu mas não foi bem, foi-se abaixo e naquela fracção premi a embraiagem ficando solta... desci até conseguir encostar, óleo TTS com fartura para o depósito e toca seguir viagem... aconteceu mais 3 vezes o que deu para ver que era mau feitio por baixar o regime de aceleração da viagem... o que ela queria era rolar sempre em alta... assim, foi, até Lisboa, vim sempre com uma aceleração alta doseando com os travões a velocidade.

Hora da despedida... estamos todos de parabéns.
A despedida da "squadra" deu-se ainda na nacional porque o Adolfo seguiu pela auto-estrada para estar depois de almoço na festa de final de ano da sua filhota, a Marta... os 2 bravos das vespas seguiram até á Benedita onde chegámos por volta da hora de almoço... surpresa das surpresas, e das boas, a Fatinha foi lá ter para receber os seu heróis... melhor não podia ser...  almoço na Jomafel e seguimos para casa do Penas para o deixar na segurança do lar e aproveitar para cumprimentar a D. Trindade e o Luis Penas... com tantas histórias para contar podíamos ter ficado muito tempo mas era altura de seguir para Lisboa e fechar esta aventura de pouco mais de 5000kms.

Assim foi, nestes últimos 100kms a solo, acompanhado pela Fatinha (também ela em ritmo lento), em jeito de balanço final, ia revendo estes últimos dias de verdadeiro mosqueteiro, onde imperou um sentimento de incentivo em todos nós que nos permitiu "chegar lá".

Não me falem desta ou aquela mota, desta ou daquela velocidade cruzeiro, meus amigos quando há vontade, é agarrar e ir.